Corre, macuco!
Corre, corre, macuco!
O caçador já te viu.
Corre, corre, te esconde!
O caçador já te viu.
O caçador que não caça
Mas faz por assim dizer
É cidadão de outra praça,
Aqui o que veio fazer?
Ele gosta de comer
A tua carne magrela
Tanta fome há de ele ter,
Pra te botar na tigela?
Tens penas e pernas só,
Comer-te é mesmo um pecado
Só de pensar dá um dó,
Chô, caçador malvado!
E ele vem se esconder,
Ficando assim de butuca,
Tem um enorme prazer
De armar a arapuca
Já vais correndo, voando
Desajeitado bichinho
Se morres de quando em quando
Renasces devagarinho
Como criança sapeca,
Como a minhoca na terra,
Como fazedor de encrenca,
E assim tua estória se encerra.
Grota do Junco, Junho de 2006