o livro

Ode à Dutra

Salve, salve, estrada querida,
Salve, caminhos e caminhões.
Perpétua, vibrante e negra avenida,
Levando desejos, destinos, opções.

Assim sossegada, poltrona estendida,
Do ônibus a vista alargando tuas beiras,
Te vejo correndo, paralela à minha vida.

Guará, Taubaté, São José -
Seria mesmo o mundo real?
Respiro fundo, tonteio feliz,
O cheiro de gases me pega, brutal.
Fechando os olhos, dormindo até,
Sonho que chegas também em Paris.

E vou pra cidade, outra dimensão,
Mar de concreto, Himalaia paulista.
O que foi, o que vem, é a direção
Inversa à da dor, é a tua pista.

Mais duas horas, Metrô, o espigão,
Meu bem me espera na Consolação.

Indo para sampa em Junho de 2006