o livro

Tanta Coisa


De tanto sofrer já paguei muita promessa
De tanto sonhar arranjei unha encravada
De tanto pensar criei galo na cabeça
De tanto sentir engoli uva estragada

Se as coisas são tão tortas
E a verdade está no meio
Quem é sábio fechas as portas
Chuta a bola pra escanteio

De tanto ter fome encolheu minha barriga
De tanto ter medo me perdi no mato escuro
De tanto ter amor acabei puxando briga
De tanto ter saudade meu sapato fez um furo

Se o que dizem faz sentido
Que de amor ninguém morre
Então farei um pedido:
Me deixem tomar um porre

De tanto levar pancada fiquei toda dolorida
De tanto me enganar troquei o pé pela mão
De tanto me lembrar acabei bem esquecida
De tanto comer grama acabei com indigestão

Se o planeta está secando
E a água vai se acabar
Fico aqui devaneando
E vocês vão se lixar.

Grota do Junco, Agosto de 2007